Breve Biografia de Jesus de Nazaré

Breve Biografia de Jesus de Nazaré:

Cruzando as mitologias com a realidade sociocultural dos povos judeus, o povo de Jerusalém do século I acreditava que um Deus único houvera criado os céus e este planeta dividindo "as águas da parte de cima (céu)" das "águas da parte de baixo (mar)", e fazendo surgir da parte de baixo um amontoado seco a quem pôs o nome de terra e no qual os seres humanos vivem. Numa confusão conhecida, a primeira mulher, instigada por uma serpente falante, teria enganado o primeiro homem e desobedecido ao Deus-Criador, sendo o casal expulso do jardim fértil em que viviam para o deserto do Oriente Médio, onde foram condenados ao subjugo de gênero, à fome, à necessidade do trabalho árduo, cultivando uma terra inóspita e, especialmente, à morte terrena e espiritual. Esse castigo teria atingido seus descendentes que povoaram toda a terra (princípios éticos como a não-hereditariedade das penas ainda não haviam sido descobertos). Para apaziguar os ânimos desse Deus que criam existir e garantir a continuidade da aliança pelo jus sanguinis, os judeus imolavam em altares sacrifícios rituais com holocausto (prática e crença comuns entre aqueles povos) de animais: ovelhas, pássaros e bois. Os próprios livros do Antigo Testamento relatam o sacrifício de pelo menos dois seres humanos: o filho de Abraão (ritual que não se concretizou a suposto pedido do próprio Deus) e a filha de um cara chamado Jefté.

Historicamente, a história dos judeus é bélica. Seus territórios tomados e mantidos ao custo de muita guerra foram subjugados pelos romanos através de Pompeu (entre o período de 63-48 a.C.). Os judeus sempre tiveram um caráter extremamente nacionalista e isso dificultou o diálogo com Roma, que por sua vez inaugurava um cenário geopolítico inovador. Os romanos - embora conquistadores - abarcaram e expandiram os ideais libertários dos povos macedônicos. Nas províncias do Império, os povos locais tinham permissão para cultuar seus próprios deuses, estudar, manter os hábitos locais e sintonizá-los com o Direito Romano. Povos de todas as partes tinham a possibilidade de ingressar em carreiras de prestígio no Estado Romano e esse período histórico foi pioneiro (ao que se sabe) ao chegar a debater sobre laicidade do Estado. Escolas de Filosofia proeminentes estavam por toda parte e toda cidade mediana tinha pelo menos uma biblioteca que continha os manuscritos dos filósofos mais conhecidos.

É nesse contexto que Jesus de Nazaré nasce. É difícil falar sobre a biografia desse homem porque é um personagem antigo, periférico e só posteriormente famoso e histórico: péssimas combinações. Biografias e relatos de décadas a séculos após sua morte são fartos, mas contemporâneos não. Como é também um personagem religioso, essa análise levará em especial consideração a trama contida nas quatro principais peças canônicas no mundo cristão: os Evangelhos Segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Em 1856, o teólogo John Duncan elaborou o que ele chamou de Trilema de Cristo (Lord, Lunatic and Liar) para tentar rebater as teses pós-iluministas que aderiam à tese de que Jesus não caminhou sobre as águas, não foi nascido de uma virgem e não era Deus, mas foi um grande homem, um homem sábio. Dizia ele, se você não considerar que Jesus foi personagem inexistente e considerar que ele historicamente se auto-intitulou filho de Deus, só há três possibilidades a considerar:
→ (1) Ele realmente era - conforme alegara - filho do Deus do Universo, caminhou sobre as águas, ressuscitou gente morta e nasceu de uma virgem, portanto, não poderia ser simplesmente um sábio ou grande filósofo, pois sua própria natureza o colocava além disso.
As outras duas alternativas são aquelas que C. S. Lewis (outro teólogo cristão) chamará de "Shocking's Alternative (Alternativas Chocantes)":
→ (2) se ele alega ser Deus e de fato não o é, ele próprio era iludido e enganado sobre si mesmo, logo, aluado, transtornado, louco e, portanto, não poderia ser visto como sábio ou grande filósofo, pois não possuía sequer capacidade de se ver como o que era e de se reduzir a sua própria insignificância, quando - no inverso proporcional - a principal característica positiva dos grandes filósofos é o reconhecimento da própria pequenez frente ao espaço, o tempo e a imensidão da matéria e energia, como o próprio Sócrates já mostrou.
→ (3) Alternativa terceira, se ele não é Deus e nem lunático, era um mentiroso, enganando os crédulos e, portanto, não poderia ser considerado um sábio ou grande filósofo, pois era na verdade um charlatão histórico que transformou sua própria vida em um circo, uma fraude intencional.

A mitologia conta que a mãe de Jesus, Maria de Nazaré, foi concebida sem pecado (há divergências a esse respeito entre os cristãos majoritários contemporâneos) e engravidou virgem do filho do Deus das galáxias, do Universo e da vida - que seria Jesus e que, por sua vez, encarnou na Terra e cresceu para ser morto pelos romanos pra que os viventes pudessem ser salvos daquele castigo que Deus lançou na primeira fêmea da nossa espécie. Três dias depois de morto, esse judeu Jesus teria ressurreto e ascendido ao céu, onde senta ao lado direito de seu pai, Deus, que é ele mesmo(?), prometendo voltar em breve (isso foi há 2 mil anos) para lutar contra o demônio, destruir o planeta e as civilizações que tentamos construir e castigar com o inferno eterno de fogo a esmagadora maioria dos viventes que não o seguiram [mas ele te ama] (?2).

No mundo real, contudo, virgens não engravidam e judeus não caminham sobre as águas, de forma que a Metodologia Histórica filtra automaticamente essa possibilidade como improvável e irreal (o mesmo procedimento adotado para com a análise do suposto sangue divino dos Faraós, às conversas dos Shammans com os espíritos da água e dos lobos, que Marco Antônio fora visitado pelo espírito de Dionísio, que Constantino viu literalmente o Lábaro Católico no sol, etc.). Então, quem historicamente foi Jesus?

Jesus foi um judeu que nasceu em Belém entre 7-2 a.C.. Pelo que os relatos dos Evangelhos e dos padres da Igreja contam, teria havido algum ruído em seu nascimento (que naturalmente não foi uma virgem engravidando, certamente). Um filósofo grego seguidor de Platão e estudioso da religião egípcia chamado chamado Celsum escreveu um livro chamado Logos Alēthēs (Sobre a Verdadeira Palavra) falando que, segundo suas pesquisas, Jesus foi um filho bastardo fruto de porneia (adultério, sacanagem) entre Maria e um tal soldado romano chamado Panthera de Sidônia. Realmente não há muito como saber esse preâmbulo da história de Jesus por falta de fontes, que praticamente se resumem ao Evangelho datado de 75-100 d.C. (e, portanto, muitas décadas após os supostos acontecimentos narrados) que Lucas (um seguidor de Paulo que nem ao menos conheceu Jesus pessoalmente) escreveu.

O relato de Mateus diz que o bebê Jesus teria sido alvo de perseguição do rei local Herodes - que foi alertado por Satanás de que o filho de Deus teria nascido na favela de Belém, obrigando a família de Jesus a fugir com ele para o Egito, mas não há qualquer respaldo para considerar essa tentativa de dar protagonismo histórico ao judeu como verdadeira.

De volta a Israel ainda criança, Jesus supostamente fez milagres revivendo animais, dando vida a passarinhos de barro, retirando crianças de quartos trancados pela fechadura e dando saltos sobre-humanos, consertando magicamente os objetos de madeira na carpintaria de seu pai, matando outras crianças e se vingando de adultos. Com 12 anos, Lucas conta que ele se perdeu de Maria e de José na época da Páscoa e só foi achado três dias depois, assentado no meio dos "doutores".

Após isso, a narrativa de sua linha do tempo nos livros canônicos da Bíblia avança 18 anos, quando encontramos o judeu com a idade de 30 anos, aprendiz de carpinteiro em Nazaré e sendo batizado no Rio Jordão por um eremita do deserto chamado João Batista, seu primo de segundo grau. Sempre foi ampla na história do cristianismo a especulação com relação a esse intervalo de tempo em que Jesus, o Deus do Universo, permaneceu inoperante numa carpintaria do interior da judeia, enquanto o mundo precisava ser instruído. Muitos livros dedicados a preencher essa lacuna foram escritos: desde registros de que Jesus teria ido à Índia aprender com os filósofos locais até que teria se tornado um militante político contra as hostes romanas, os zelotas.

No batismo, supostamente o Espírito de Deus, seu pai, que é o próprio filho, desceu sobre ele na forma de uma pomba e Jeová teria falado: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo".

Celso emenda que, ao contrário do que estavam contando, Maria não teria sido perdoada por José. Na verdade, teria sido expulsa de casa e dera à luz após vaguear por uns tempos a Jesus, que fora serviçal por uns anos no Egito, onde teria aprendido "poderes" mágicos dos quais os egípcios tanto se orgulhavam e que teria usado esses truques para enganar os ignorantes e religiosos cananeus. De fato os evangelhos deixam de mencionar José na fase adulta de Jesus. Os cristãos acreditam que isso ocorre porque à época José já estava morto, mas talvez os escritores apenas não quisessem chamar atenção para o incômodo fato da paternidade controversa de Jesus. Segundo o livro apócrifo História de José, o Carpinteiro, Jesus teria se encaminhado para o batismo por João após a morte e assunção de José aos céus, através da condução do Arcanjo Gabriel. O pai postiço de Jesus teria morrido aos 111 anos em perfeita saúde.

Saindo do deserto, Jesus - O Deus das galáxias e do Universo e que passou 30 anos adormecido na periferia da judeia, fabricando cadeiras e mesas - reúne consigo 12 seguidores e inicia seu ministério de pregações viajando por diferentes pontos de Israel, dando início ao cristianismo: uma seita do judaísmo. Celso não poupa o tom crítico quando é taxativo: “Jesus reuniu próximo a si mesmo dez ou onze pessoas de caráter notório, os mais doentios dentre os cobradores de impostos e marinheiros, com eles fugiu de lugar em lugar, e obteve sua sobrevivência de um modo vergonhoso e inoportuno, ludibriando os incautos e pouco céticos. (...) [Ele foi] abandonado e entregue por esses mesmos com quem tinha se associado, que o tinham como professor e que supostamente acreditavam que ele era o salvador, o filho do Altíssimo Deus (…) Esses com quem se associou enquanto estava vivo, que ouviram sua voz, que apreciaram suas instruções como seu professor, ao o verem sujeito a punição e morte, nem mesmo morreram por ele (…) mas negaram que foram seus discípulos". Não sabemos se Jesus era casado ou teve filhos: diferentes evangelhos insinuam que ele era heterossexual, outros que era gay, outros que era pedófilo, outros que era assexual e outros, como os 4 canônicos, são silentes a esse respeito.

Ideologicamente, Jesus não era um extraordinário cume de Ética transcendental, como os cristãos ou pós-modernistas apregoam, mas simplesmente um homem de seu próprio tempo. Acolhia e seguia os costumes judaicos, embora questionasse alguns poucos pontos específicos dos ritos (possivelmente por causa do Capital intelectual que tinha), supostamente contrariou sua própria ordem (afinal ele era Deus) compelindo os líderes religiosos a não apedrejarem uma mulher adúltera, embora na verdade o texto do Evangelho de João que fala sobre isso tenha sido adulterado posteriormente para incluir esse relato. Citou reiteradamente a escravidão com normalidade sem questioná-la e seus apóstolos posteriormente endossaram o instituto com veemência, não era um racionalista, comia carne e praticava os holocaustos da época, não demonstrou grandes conhecimentos científicos ou filosóficos (mesmo para a época), não escreveu tratados, nem fez revelações precisas sobre eventos históricos futuros ou dados científicos que posteriormente viriam a ser descobertos, não era um pacifista, embora focasse toda sua atenção e ideologia na vida após a morte que acreditava existir, motivo pelo qual negligenciava as preocupações mundanas (como geopolítica, economia e problemas pessoais), menosprezava os preconceitos locais dos israelenses uns com os outros, mas não de todo (vide Mateus 15:27) acreditava (ou pregava) que aqueles que não o aceitassem como Salvador e Redentor e o seguissem como o Filho de Deus que ele supostamente era seriam atirados num inferno de fogo eterno, onde pereciam por toda a eternidade (uma evidência clara de egocentrismo, sadismo e demência religiosa). É importante salientar que a crença de Jesus como literalmente o próprio Deus é posterior ao século de Jesus e só vai aparecer com ênfase nos debates do século III, com o arianismo x catolicismo.

Durante seu ministério que durou 3 anos, Jesus arrebanhou um número de seguidores e curiosos - que tipicamente amavam curandeiros, profetas, oradores e misticismos numa época e local marcados por grande penúria e falta de instrução. Supostamente teria pregado sua ideologia e curado doentes, ressuscitado mortos, expulsado demônios, transformado água em vinho, caminhado sobre as águas, alimentado multidões com poucos peixes e pães, etc. Com pouca surpresa, o ministério de Jesus não foi bem recebido nas cidades em que ele sempre viveu, os próprios vizinhos e conhecidos de Jesus escarneciam da vocação à divindade repentina do aprendiz carpinteiro, acusaram-no de ser filho de porneia (e, portanto, sem capacidade para evocar uma auto-pureza, muito menos um parentesco com o próprio Deus do Universo) e questionavam debochando entre eles: "não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs?". Mas, sua popularidade fora de sua cidade natal incomodou os sacerdotes locais. Quebrando a lei por desobedecer a Toráh, os líderes judeus o levaram a julgamento perante Pôncio Pilatos. Foi submetido a sufrágio penal da própria população, que optou por salvar um conhecido assassino e, então, foi condenado à pena de morte por crucificação. A história de Jesus se confunde com a de outros milagreiros contemporâneos, como Apolônio de Tiana, que também teria realizado milagres, teve seu nascimento marcado por sinais incomuns, pregava a não-preocupação com a vida mundana e bens materiais, dizia ser o filho de Deus, expulsava demônios, etc.

Jesus foi sepultado em uma tumba e a entrada ficou velada por guardas, já que temiam que os seguidores de Jesus roubassem seu corpo para depois inventarem a mitologia de que ele teria ressurgido dos mortos. Alguns dias depois, Jesus supostamente ressurgiu dos mortos e apareceu a alguns de seus seguidores, mas os guardas testemunharam dizendo que enquanto dormiam, o corpo de Jesus foi roubado do sepulcro e era essa a explicação que vigorava entre a população ao desaparecimento do cadáver 40 anos de sua morte, quando o Evangelho de Mateus foi escrito: "E esse boato se espalhou entre os judeus até o dia de hoje (Mt 28:15)". Mas, Mateus trás uma narrativa defensiva e apologética para o que alega ter sido os bastidores da contra-narrativa dos guardas. Segundo ele, os chefes dos sacerdotes subornaram os guardas com dinheiro, instruindo-os a contar essa versão.

Diferentes versões vão contar que Jesus desceu ao inferno, lutou contra o demônio, houve terremoto na terra, muitos mortos voltaram à vida, houve uma escuridão sobrenatural na superfície que acompanhou a crucificação, "muitos andavam com tochas, supondo que era noite e caíram". O tremor de Terra foi provocado por um anjo que rolou a pedra do sepulcro e se sentou sobre ela, deixando os soldados "como que" mortos no chão. No túmulo de Jesus, aparecem dois homens tão altos que as suas cabeças chegavam aos céus e que conduziam um terceiro homem tão alto que sua cabeça ultrapassava os limites da abóbada celeste. Quando Maria Madalena foi visitar o túmulo, supostamente viu dois anjos + Jesus (Evangelho de João), um anjo + Jesus (Evangelho de Mateus), dois anjos (Evangelho de João), um homem jovem, possivelmente um anjo (Evangelho de Marcos), dois anjos (Evangelho de Lucas), o próprio Jesus sendo seguido por uma cruz falante (Evangelho de Pedro), etc. Depois apareceu ainda aos seus discípulos em quarto fechado, andou com os discípulos por uma vereda, pescou novamente com os discípulos no mar de Tiberíades (embora "inicialmente" eles não o reconheceram em nenhuma dessas três situações), apareceu a mais de quinhentos seguidores antes de subir aos céus, ao apóstolo Paulo no caminho de Damasco e a mais um sem-número de pessoas desde então, que dizem ter visto e falado com Jesus. Outros sustentam que Jesus teria vindo para as Américas pregar aos índios.

A militância religiosa dos seguidores de Jesus começou a espalhar sua "mensagem", que consistia basicamente em negar e renunciar a esta vida pensando na próxima: ao qual os viventes só terão acesso por intermédio do próprio Jesus. Em breve este mundo será destruído, Satanás será aprisionado e Jesus vai voltar para julgar toda a humanidade. Quem for seguidor de Jesus receberá uma coroa de glória e reinará com ele e quem rejeitá-lo será atirado no lago de fogo preparado para o próprio demônio. Contudo, deve ficar claro que o cristianismo nunca foi algo uníssono. Já em vida do próprio Jesus, pessoas supostamente começaram a pregar em seu nome coisas que ele não ordenou. Durante a vida ministerial dos seus discípulos e especialmente após a mortes desses, o cristianismo fracionou-se em um sem-número de crenças, formando uma Babel que dura até hoje.
Supostamente os apóstolos prosseguiram com dons de cura, de profecias, de expulsão de demônios, de teletransporte, de reviver os mortos, etc... É difícil explicar estruturalmente o cristianismo em um post como este, porque até o século III já existiam circulando na cristandade uns 50 Evangelhos (estimativa). E todos ou quase todos trazendo informações contraditórias. Apenas para ilustrar o leitor com relação à fé que expandiu o cristianismo, um livro chamado Atos de Pedro e Paulo conta que o apóstolo Pedro e um tal Simão, o Mágico, são convocados pelo funcionário romano local a competir na arena para revelar quem é o verdadeiro porta-voz de Deus. Um menino escravo é colocado na arena. Simão é orientado a matar o garoto, e Pedro a erguê-lo dos mortos. Simão diz uma palavra no ouvido do garoto e ele cai morto (é o herege quem diz a palavra da morte). Mas Pedro diz ao mestre do garoto para tomar sua mão e erguê-lo, e o garoto recupera a vida imediatamente (o homem de Deus tem a palavra da vida). Depois, uma mulher rica vai até Pedro e grita para que também a ajude. Seu filho morreu, e ela, desesperada, quer que Pedro o traga de volta à vida. Pedro desafia Simão a um duelo para descobrir quem pode erguer o homem. Acompanhado pela multidão, Simão executa uma série de truques: de pé junto ao corpo morto, ele se agacha e se levanta três vezes, e o morto ergue a cabeça. A multidão se convence de que Simão tem o verdadeiro poder de Deus, e Pedro deve ser um impostor. Ela se prepara para queimá-lo na fogueira. Mas Pedro grita e alerta que o homem não foi realmente erguido dos mortos; apenas moveu a cabeça. Se Simão de fato é de Deus, será capaz de erguê-lo e fazê-lo falar. Quando Simão não consegue fazer isso, Pedro tem sua chance. Diz uma palavra, ergue o homem totalmente dos mortos e faz com que fale. A partir daquele momento, a dúvida não era mais uma opção.
O clímax da história se dá quando o herege Simão anuncia à multidão que provará seu poder superior voando como um pássaro sobre as colinas e os templos de Roma. Quando chega o dia de seu feito, ele cumpre a palavra e decola, voando como um pássaro. Pedro, não querendo ser superado, invoca Deus e priva Simão de seu poder em pleno voo. Ele cai no chão e quebra a perna. A multidão vai até ele e o apedreja até a morte como um impostor. É Pedro quem tem o verdadeiro poder de Deus.

(Na pintura, Salvator Munti - Leonardo da Vinci, 1500)

Nenhum comentário:

Postar um comentário